28 de dez. de 2011

REDES SOCIAIS

Redes sociais são verdadeiros laboratórios de estudo de comportamentos humanos. Um deleite para os psicólogos ou metidos a.
Vários são os perfis de cada perfil.
Há os futebolistas. Aqueles sempre dispostos a comentar, passo a passo, todos os jogos e a caçoar dos times e torcedores adversários.
Há quem mete Deus em tudo, e não O deixa em paz, postando incessantemente mensagens do tipo "Deus é meu pastor, por isso nada me faltará".
Não podemos nos esquecer também daqueles que fazem questão de repetir o quanto são felizes e suas vidas um mar de rosa, perfeitas para um comercial de margarina. Numa vertente próxima, os exibicionistas, comprando, viajando, amando. Quanto a esses últimos, nunca entendi direito as declarações de amor feitas pelo facebook, quando o amado se está ao lado, ao vivo e a cores. É preciso que a declaração seja pública?
Há os politicamente corretos, os engajados, os defensores dos animais, os zens, e os que não dão a cara, nem para curtir as postagens alheias.
Os adolescentes formam um capítulo à parte. Acho graça quando escrevem, com ar de quem  fez uma grande descoberta, o óbvio ululante. Ai, meu Deus, eu já fui assim!!!!!
No fundo, todos à procura sabe-se lá de que. De visibilidade, reconhecimento?
Sou do tipo que mais observa do que se expõe, e não poderia ser diferente, já que na vida real sou assim. Muito cômodo para mim, já que posso julgar o que vejo sem ser julgada.Talvez essa seja uma das razões para eu não me arriscar tanto, postando o que ninguém vai curtir. A propósito, as poucas vezes que postei, o feedback foi mínimo. As pessoas, em sua maioria, preferem o consenso, e eu o que escapa do senso e lugares comuns. 
E vc, qual o seu tipo virtual?

ADELE - ESQUECIMENTO


Alguns podem estar se questionando o porquê de eu não citar Adele dentre os bons lançamentos musicais de 2011. Não que eu não curta Adele. A primeira vez que a ouvi foi em 2009, cantando Chasing Pavements. Fiquei encantada, é claro, e, com o lançamento de Rolling in the deep, não poderia ser diferente, até... que a mídia brasileira passou a noticiar overdosamente a cantora, e cai na dúvida.
Não apenas acho que toda unanimidade é burra, como já dizia o saudoso Nelson Rodrigues, como também que toda maioria é ignorante e quase sempre não tem bom gosto musical.
Quando as redes sociais foram invadidas por postagens maciças de vídeos de Adele, comecei a desconfiar se realmente o som dela é tão bom.
Continuo achando que sim, mas não aguento mais ouvi-la. Quem sabe, quando cair no ostracismo, volte a escutá-la. Por enquanto não dá.
O mesmo aconteceu com, por exemplo, Coldplay. Preferia o som anterior a Viva la vida. Depois deste álbum, o Coldplay aproximou-se muito da fase pop do U2. Não gostei.
Outro que me incomoda vê-lo na boca do povo é John Mayer. Adoro o álbum Continuum, mas não gosto da quase unanimidade em torno de seu nome.
É, acho que sou uma ciumenta musical.






27 de dez. de 2011

CINE JOIA



Recém inaugurado e revitalizado pelo empresário Facundo Guerra, o Cine Joia promete ser uma das melhores casas de show de São Paulo.
Já trouxe Ladytron e agora em dezembro Kings of Convenience.
Estão à venda ingressos para o show de Mayer Hawthorne, cujas músicas recebem influência do soul e jazz - 

http://www.youtube.com/watch?v=thFNaRw1yfk

http://www.youtube.com/watch?v=pBKx8PyE5qQ



E FALANDO DE MAIS MÚSICA

Lembrei-me de um CD lançado há um tempo de Tori Amos com regravações de clássicos. Adoro. E aproveito para engrossar a campanha "Tori Amos" no Brasil e pedir a todos que a curtem que façam o mesmo. É o seguinte, basta mandar um tweet para @eduardo_fischer.


Tem quem detestou, eu simplesmente amei! Enjoy the silence do Depeche Mode.


Nirvana - Smells like teen spirit, na versão Tori Amos.


ESQUECIMENTO

No meio das velhinhas esqueci de incluir:


Interpol - Stella was a diver and she was always down.


http://www.youtube.com/watch?v=oByD5nmCWOY&feature=related

Nick Cave - Slowly goes the night


http://www.youtube.com/watch?v=cECSRsTwkLU

Kings of Convenience - Love is no big truth 



Jewel - Hands




Regravação de Dreams pelo The Corrs


http://www.youtube.com/watch?v=8BglEyv5O2Y

Aimee Mann - Save me


http://www.youtube.com/watch?v=bNbTC6xLVg0

Fiona Apple - The first taste


http://www.youtube.com/watch?v=uiuk0z8dzXo

 Fim da lista. Bem eclética, não?

MÚSICAS 2011

Tem coisa mais irritante do que os novos chavões das redes sociais, como "fato", "pronto falei" e etc?
Mas, mudando de assunto, acho que 2011 não foi um bom ano para a música. Certo que eu pouco acompanhei o cenário musical este ano, porém o pouco que vi não me conquistou. Senti falta de um som autêntico pelo qual me apaixonasse e passasse dia e noite ouvindo-o, sem parar.
Do que ouvi por aí, destacaria:

Michael Kiwanuka


Como não tenho mais vídeos para apresentar, volto para as velhinhas:


The Sundays - Summertime


http://www.youtube.com/watch?v=lcN5Vaqd9sg&feature=related

Saint Etienne - Nothing can stop us now




The Smiths - This night has opened my eyes












26 de dez. de 2011

COMER, REZAR E AMAR


Ontem, finalmente consegui assistir ao filme baseado em um best seller, Comer, Rezar e Amar. Da primeira vez que o vi, não consegui passar do início da viagem da protagonista, Julia Roberts, à Índia. Será por que assistia em dublado ou por que me deu sono mesmo? Bem, ontem reprisaram o filme e insisti em vê-lo. 
Um filminho água com açúcar, repleto de clichês, superficial, do tipo auto-ajuda. Até aqui nenhuma novidade, apenas o esperado.
Mas a cena mais hilária foi a do suposto costume brasileiro de beijar na boca. O filho do brasileiro que a protagonista conhece em Bali conta que seu pai, brasileiro, tinha o hábito de levar e buscá-lo na escola, despedindo-se com um beijo na boca, o que lhe espantava, assim como a seus amigos, já que não crescera no Brasil. Logo adiante vem a cena em que o pai brasileiro despede-se do filho, beijando-lhe na boca. Ri muito.
Esses norte-americanos são realmente retardados, incrivelmente imbecis.
Sou brasileira e nunca vi ninguém, exceto namorados, amantes e casais, despedir-se com um beijo na boca. Isso não existe aqui.
A imagem que os ignorantes norte-americanos têm dos brasileiros é de lascar. Acham que somos todos libertinos, libidinosos e permissivos, sem saber que há muito importamos o american way of life e, por isso, somos muito mais parecidos com eles, infelizmente, do que com a ideia que fazem dos brasileiros.
Para mim, o filme acabou mais como uma comédia e a atuação do Javier Bardem, sempre tão boa em outros filmes, estava péssima. Não gostei.


21 de dez. de 2011

SHOWS 2012 EM SÃO PAULO

Alguns shows confirmados para 2012.


Festival Sonar, dias 11 e 12 de maio, com ingressos já à venda no www.ingresso.com.br, traz para o Anhembi Byork e o duo francês de música eletrônica Justice.


O Lollapalooza, em 7 e 8 de abril, no Jockey Club, trará Arctic Monkeys.


Teremos, ainda, em março, dia 22 e 23, Roger Waters, no estádio do Morumbi, e dia 10, Sisters of Mercy, no Funchal.





PALAVRÃO

Dizem que nunca falo palavrão. É quase verdade.
Palavrão, o próprio nome diz, não é palavra, ou melhor, é palavra com "ão", palavra pra chamar a atenção, pra causar exclamação, pra mostrar indignação.
Por isso a reservo a situações em que quero causar grande impacto.
Um palavrão dito a cada dez palavras transforma-se em palavrinha. Depois de um tempo, acostumado, o ouvinte não lhe dá ouvidos.
Um palavrão nascido da boca de alguém que quase nunca fala, por alguns segundos, paralisa a cena, suspende sons e gestos e mostra ao mundo para o que veio.
E o meu favorito é merda.

20 de dez. de 2011

MORTE DE KIM JONG-IL

Noticiaram a morte de Kim Jong-il, considerado um dos maiores ditadores norte-coreanos. Aqui, as pessoas ficaram bastante indignadas com o luto dos norte-coreanos. Muitos se disseram espantados com o que denominaram de resultado da manipulação intensiva de um povo. Achei graça. E se nós ocidentais formos um deles? O outro lado da moeda? Tão manipulados quanto? Para uma ideologia diferente, é claro.
A mídia repetiu à exaustão os hábitos do Kim Jong-il, apreciador de vinhos caros e viciado em cinema, num país marcado pela miséria.
Ah, sim, como se no Brasil fosse muito diferente! Como se aqui nossos políticos vivessem uma vida economicamente compatível com a da grande maioria dos cidadãos brasileiros.
    

MÚSICAS BRASILEIRAS PARA OUVIR A DOIS

Achei injusto deixar de lado as músicas brasileiras. Por isso, vou postar cinco de que muito gosto e que não são tão populares.

1) Sete mil vezes - Caetano Veloso

Fiquei bastante surpresa por não encontrar um único vídeo de Caetano cantando essa música no google, por isso deixo registrada a letra:


2) Cais - Milton Nascimento.

Escolhi o vídeo com a interpretação de uma das melhores cantoras que o Brasil já teve. 


3) Na ribeira deste rio - Dorival Caymmi

Optei pela bela interpretação de Mônica Salmaso.


4) Dança da solidão - Paulinho da Viola.

Bem, esta daqui não é exatamente uma música pouco popular, mas a escolhi porque recentemente escutei o novo CD de Marisa Monte e senti saudade dos velhos tempos em que ela produziu alguns dos melhores álbuns como "Verde, anil, amarelo, cor de rosa e carvão" e "barulhinho bom".


5) Derradeira primavera - Tom Jobim

Adoro o som do cello.








19 de dez. de 2011

CASA


Não há lugar no mundo onde eu mais goste de estar do que em minha casa.

Experiência de quase morte


Preciso escrever sobre as visões que tive durante quase 8 meses de internação em uma UTI, antes que o tempo as apague de minha memória, e eu já não saiba mais distinguir o visto do imaginado.
Tudo começou assim:
Antes existia o nada. E, de repente, do nada acordei dentro de meu sonho, que se alimentava de elementos da realidade para tecer uma história diferente.
O despertar foi dentro de uma van. "Obrigada, Di, por haver descoberto esse tratamento muito humanizado, se não fosse você". Contaram-me que, a certa altura, os médicos resolveram me transferir para um dos únicos três disputadíssimos quartos de UTI considerados humanizados, porque admitiam acompanhantes. Por certo "humanizado" foi a primeira palavra que ouvi do mundo real e a repeti no meu mundo sonhado.
A van estava estacionada em frente a uma praça, próxima a uma escola de natação, e fazia um sol escaldante. Todos os dias o Di saia para dar um mergulho. Vê-lo voltar molhado refrescava-me, mas, ao mesmo tempo, aumentava meu desejo por água. Por algum motivo, eu não podia ainda sair daquela van para mergulhar.
Duas equipes médicas cuidavam de mim. A do Dr. Nelson não acreditava naquele tratamento humanizado, alternativo, maluco. A da Dra. Carmen, acreditava. O responsável pelo tratamento era um IPOD. Tudo acontecia por causa dele, por meio dele.
Na UTI, as mesmas equipes esforçavam-se pela minha recuperação, sendo que a da Dra. Carmen foi quem descobriu a causa do problema e prescreveu um tratamento de alto risco, que funcionou e salvou minha vida. Mas, antes de chegarmos ao fim, voltemos à van.
Dentro dela havia um personagem inusitado. Um robô na forma de pinguim, que andava ao som de repetidos "bips".
Na UTI, os bips vinham das máquinas às quais me mantinham ligada e significavam que minha saturação ou respiração haviam ultrapassado os limites padrões. Eram alertas para as enfermeiras.
Na minha van, elas, enfermeiras, não existiam. Eram instrutoras de natação, que, depois de algum tempo, me levaram para a piscina, mas, no primeiro mergulho, comecei a me afogar. Foram minutos embaixo d'água, sem conseguir respirar, sufocada, quando, no último segundo do último tempo, uma instrutora salvou-me, me puxando para fora da água. 
A última imagem foi a de um túnel. Nele uma luz tão intensa, para onde eu caminhava até começar a sentir medo, um medo que foi crescendo, crescendo, crescendo, para, num primeiro instante, me paralisar e, depois, me botar em fuga.
Acordei no quarto da UTI.
Contaram-me, depois de alguns dias, que um fio que me ligava a um medicamento importante para manter minha pressão soltou-se numa das visitas médicas, e que teria morrido não fosse, no último segundo do último tempo, uma enfermeira detectar o problema.
O IPOD também existiu de verdade. O Di passava todos os dias colocando-o, em meus ouvidos, para tocar minhas músicas preferidas.


28 de nov. de 2011

IRACEMA MACEDO

Para quem gosta de Carlos Drummond de Andrade e/ou Nietzche, deixo aqui um link em que publicado o trabalho de Iracema Macedo, filósofa e poeta, que traçou um paralelo entre ambos, a partir dos poemas "os ombros suportam o mundo" e "amar". É um texto de leitura agradável, nada difícil, até mesmo para os leigos. Vale a pena ler:

http://www.ufjf.br/revistaipotesi/files/2011/05/10-Dois-poemas-de.pdf

ATITUDE

Escolher fazer é fazer. Escolher fazer, e não fazer, e se, mas e, é que, não passa de discurso (para enganar  quem?) Escolher é desejar o escolhido, sem espaço para senões.

FELICIDADE - VICENTE DE CARVALHO

Ainda me lembro do dia em que li essa poesia e do que senti, no primeiro ano da faculdade, quando passava boa parte do meu tempo na biblioteca central, ao invés de metida entre os livros de direito (o que me custou caro, rs). Muita sorte e um espanto me deparar com essa poesia tão linda, ali à espera de um leitor, escondida dentre tantos livros e tantas páginas. Peguei o livro por acaso e abri na página exata do poema e, após lê-lo, quase perdi o fôlego.

"Só a leve esperança, em toda a vida,
Disfarça a pena de viver, mais nada,
Nem é mais a existência, resumida,
Que uma grande esperança malograda.
O eterno sonho da alma desterrada,
Sonho que a traz ansiosa e embevecida,
É uma hora feliz, sempre adiada
E que não chega nunca em toda a vida.
Essa felicidade que supomos,
Árvore milagrosa que sonhamos
Toda arreada de dourados pomos
Existe, sim: mas nós não a alcançamos,
Porque está sempre apenas onde a pomos
E nunca a pomos onde nós estamos."

18 de nov. de 2011

E QUANDO SE RECORRE À JUSTIÇA E ELA É INJUSTA, RECORRE-SE A QUEM?


Um causo. Real. Minha irmã queria mudar de plano de saúde, para um melhor. Contatou um corretor (da Qualicorp), assinou a proposta de adesão e cancelou o plano que tinha. O corretor embolsou o cheque da 1ª mensalidade, mas se esqueceu de registrar a proposta na seguradora, a OMINT. Resultado: minha irmã ficou sem plano de saúde. Conversa vai, conversa vem, aquela história que todo brasileiro conhece bem, de que vão resolver, mas ninguém resolve nada, minha irmã resolveu entrar com uma ação judicial. Na ação, fizeram um acordo. Minha irmã apresentava a documentação necessária para comprovar que é filiada à FECOMÉRCIO, e eles a incluiriam no plano. Depois de firmado o acordo, a documentação foi recusada, porque a empresa da minha irmã (aquela que muitos emprestam só o nome, mas não participam da gerência e das atividades) estava fechada. Veredicto da Justiça: minha irmã foi negligente, porque, antes de fechar o acordo, deveria ter visto se a empresa ainda estava funcionando ou não. Detalhe: antes de propor o acordo, a QUALICORP E OMINT pediram à minha irmã a documentação para verificarem se ela era filiada à FECOMERCIO, ou seja, quando propuseram o acordo, eles já sabiam que ela não era filiada e que, portanto, se safariam do cumprimento do acordo.
A "negligência" de minha irmã foi punida. A "negligência" da QUALICORP E OMINT, que perderam a proposta assinada, não.
Nossa Justiça é cega; não cega de imparcial, não. Cega de cegueira mesmo, de tão obtusa.
Recorrer a quem agora?

DEPOIS DO RECESSO

Tanto tempo sem escrever, voltei. Escrever, como tudo na vida, é ato de vontade e há momentos em que precisamos de um retiro, de fazer barulho por dentro, organizar a bagunça e, só depois, nos comunicarmos com o mundo, esperando sermos compreendidos. 
Há dez anos, luto contra uma doença. No início, as chances de êxito eram de 90%. Como acabei no lado dos 10%, minhas chances de viver, ao longo do tempo, foram reduzidas a pó. Hoje, os médicos não conversam mais em termos de probabilidades de cura, mas de inventar um tratamento, um novo protocolo quimioterápico, que já não tenha sido utilizado. Tudo isso, porque exijo tratamento, não joguei a toalha ainda.
Mas devo confessar que, depois de minha última internação, estou bastante abalada. 
Faço questão de viver, mas não consigo viver. Fico à espera de nem sei ao certo o que. Suspensa, enquanto a vida escorre. E para complicar, minha dificuldade de respirar me impede de fazer muitas coisas, uma delas, minha paixão, dançar.
Não tenho medo da morte. Tenho medo de querer morrer e não conseguir.
Na última internação, experimentei o pior estágio de sofrimento humano. Não o estágio da dor, muito embora esta estivesse presente. Mas o estágio do terror, aquele em que a sua vontade e capacidade de ação, de superação, são completamente anuladas.
Por meses, permaneci imóvel, uma alma presa a um corpo, que não se mexia, falava e enxergava. Um corpo incapaz de expressar qualquer sentimento. Como um vivo dado por morto, compreendia e ouvia tudo, mas não podia participar de mim. Não podia fazer escolhas, nem ter resolvidas minhas necessidades, sede, fome, dor. O máximo do terror a que um ser humano pode se aproximar: sua vida sendo decidida por fora, sem qualquer conexão com o que se passava por dentro, no corpo objeto das decisões tomadas por outros. Após essa experiência, entendi toda a questão envolvendo a eutanásia. Um ser humano pode escolher viver, mas, em que pese sua escolha, acabar morto, porque a vida não é do domínio do homem. Ao contrário, pode escolher morrer e concretizar sua morte, porque esta é de seu domínio. A proibição da eutanásia vai de encontro a essa lei da natureza.  

19 de mai. de 2011

MEMÓRIA

Amar o perdido
deixa confundido
este coração.
Nada pode o olvido
contra o sem sentido
apelo do Não.
As coisas tangíveis
tornam-se insensíveis
à palma da mão
Mas as coisas findas
muito mais que lindas,
essas ficarão.
Carlos Drummond de Andrade.

18 de mai. de 2011

SINTETIZANDO SCHOPENHAUER

Para Schopenhauer o mundo é representação. Enquanto Kant sustentava que a consciência não seria capaz de compreender o mundo não fenomênico, Schopenhauer diz que a vontade é a coisa-em-si, o substrato de toda realidade. Para ele, portanto, vivemos em aspirações sem fim e o prazer consiste na supressão momentânea da dor. A arte, em especial a música, permite ao homem escapar da vontade. A moral, como por exemplo a superação do egoísmo, também. Porém, a suprema felicidade só poderá ser alcançada pela anulação da vontade. Schopenhauer foi um dos influenciadores do budismo.

O QUE NOS COMOVE?

COMOVER, mover junto. O que nos comove?
Quando o assunto é futebol, sou um absoluto paria. Não conheço nome de jogador, time, jogo, fifa, presidente, técnico e o escambal. Isso me intriga. Pelo menos, uma vez por semana, do alto de meu apartamento, sou surpreendida por gritos, festejos e fogos de artifício de uma gente considerável (é quando me dou conta de que alguém está jogando), e não entendo o porquê. Já tentei ler coluna esportiva de jornais e revistas, já assisti a jogos. Nunca vi brasileiro festejar, brigar, lutar por causa social alguma. Muitos dirão: Ah, mas isso é outra história. Não. Não é outra história. Todos os dias nos noticiários, situações acontecem que me indignam. Vontade de xingar, de gritar, de chorar, de sair às ruas, dizer chega, basta, vamos mudar, fazer diferente, jogar outro jogo. E todos esses gestos de que tenho vontade são tomados por uma maioria em dia de jogo de futebol. É impressionante a repercussão de um jogo. Basta acessar redes de relacionamento para se ter uma idéia do quanto os lances estão sendo comentados. Ah se o brasileiro tivesse essa mesma gana para resolver ou, ao menos, cobrar resoluções para os problemas deste país. Seria outro, seríamos outros. Não me incomodaria de aderir aos gritos em dia de jogo de futebol, de pronunciar chuuuuupppaaaaaaa (quando o máximo de palavrão que já pronunciei até hoje foi carambola e putz grila), se pudesse gritar em outras bandas (entenda-se assunto) também. Mas sendo só este o grito da maioria massissa, me recuso a fazer papel de idiota, achando fantástico um bando de marmanjo correr atrás de uma bola. Quando tudo isso começou? Quem convenceu a maioria dos brasileiros de que isso é uma das coisas mais importantes do mundo? Fico aqui no meu canto, no alto do meu apartamento, quieta, ouvindo os gritos loucos, sem pé nem cabeça, de uma torcida, que sofre e é feliz. Uma pena.

SARNEY DÁ POR ENCERRADO O CASO PALOCCI SOB O PONTO DE VISTA ÉTICO

A lei sempre busca uma determinada ética. Às vezes, o problema está nessa ética; às vezes, está na ética de seus intérpretes. A lei existe, portanto, para uniformizar comportamentos, impedindo que uma maioria obediente aborte os planos de quem a faz e punindo os transgressores que ousam sabotá-los. A lei existe para isso e seus intérpretes e aplicadores, para tornar a regra exceção, nos casos absolutamente pontuais.

24 de mar. de 2011

TEMA LIVRE

O plantio é obrigatório. A colheita, desnecessária. Se houver, é lucro. Nem sempre se colhe o que se planta. A sabedoria popular quer disfarçar a ilogicidade das coisas e do mundo. Lamentavelmente, às vezes, o ladrão colhe fortuna, e o caridoso, desprezo. Coisas da vida, louca vida.

URBAN MUSIC FESTIVAL EM MAIO DE 2011

Estão confirmadas as presenças de Cee Lo Green, John Legend e The Roots, no Arena Anhembi. Ingressos a R$ 100,00.
Minha música favorita de Cee Lo Green.

http://www.youtube.com/watch?v=U0Hr1_uT5sg&feature=related

30 de jan. de 2011

AS 10 MAIS PARA SE OUVIR A DOIS

Não consegui me contentar em eleger apenas 5 músicas, por isso vão aqui as 10 melhores músicas para se ouvir a dois:


6) Goo goo dolls - Iris
http://www.youtube.com/watch?v=NdYWuo9OFAw

7) Urge Overkill - Girl you'll be a woman soon
http://www.youtube.com/watch?v=JAHA4Jh5jkw

8) Everything but the girl - I didn't know I was looking for love
http://www.youtube.com/watch?v=i-F2ViLbtVY


9) Just like heaven - The cure
http://www.youtube.com/watch?v=n3nPiBai66M

10) Pagan poetry - Bjork

Tem uma dos Rolling Stones que adoro, mas agora não me lembrei do nome. Portanto, quando me lembrar posto aqui. Fica de "cheiro", como dizemos no truco mineiro.

28 de jan. de 2011

BALADAS PARA OUVIR A DOIS

Bem, pretendo postar aqui as 5 melhores músicas para se ouvir, e dançar, a dois, mesmo sabendo de antemão que cometerei injustiças, pois não é nada fácil se lembrar de todas as canções ao longo dos tempos e séculos e escolher somente 5!
A primeira é a única de que não abro mão de sua posição (as demais podem vir não necessariamente na ordem em que apresentadas). É perfeita para a ocasião, tanto em relação à letra quanto à melodia. E o que falar da voz mais sexy do mundo, na minha opinião?


1ª) Let's get it on - Marvin Gaye




2ª) My baby just cares for me - Nina Simone




3ª) Somebody already broke my heart - Sade




4ª ) Ice Cream - Sarah MacLachlan




5ª) Lorelei - Cocteau Twins




Confesso nessa última ter ficado na dúvida entre Lorelei e Squeez-wax, que eu adoro:




E também devo dizer que não considerei alguns álbuns de jazz maravilhosos, do tipo Billie Holiday, por serem óbvios demais.

27 de jan. de 2011

SÃO PAULO, UM BOM LUGAR PRA SE VIVER? PARTE II



Ainda não consegui responder à pergunta a que me propus no post anterior. 
Por que os melhores pensamentos surgem à noite, na exata hora em que não estamos despertos o suficiente para nos levantarmos, nem dormindo o bastante para não criarmos?
São Paulo, a São Paulo das classes média e alta, não é uma cidade tão ruim quanto pintam. 
Quando uma cidade cresce, atrai inevitavelmente indústrias, comércios e serviços e, num mercado tão competitivo, apenas os bons sobrevivem. Assim, diferentemente de outras metrópolis, São Paulo atrai pelas ótimas oportunidades de emprego, comércio variado e serviços de primeira. É o reduto dos bons arquitetos, engenheiros, médicos, museus, restaurantes, shows, peças teatrais, cinema, coisas que em outras cidades o cidadão tipicamente urbano não encontra em tantas variedades, e por isso se irrita. Já vivi, por seis meses, em Salvador (em esquema de "ponte aérea") e posso afirmar que lá, apesar de uma grande cidade, capital da Bahia, as coisas funcionam de forma bem precária (comparada à São Paulo, é claro). Como a oferta é menor, você tem de se sujeitar. Os serviços não se aperfeiçoam porque não há concorrência. Para se ter uma idéia, naquela cidade há fila de espera para instalação de internet nas residências. Existe apenas um mercado onde você encontra produtos com marcas nacionalmente conhecidas. Fora dele, qualquer "vendinha" ou mercado não vendem marcas conhecidas. Restaurantes, se você for aos tradicionais e consagrados, os de comida típica baiana, será servido de um verdadeiro manjar dos deuses (até hoje encho a boca de saliva só de lembrar dos bobós de camarão e acarajés). O resto? Não serve nem comida quente (e aqui o termo está sendo empregado no sentido convencional mesmo, e não baiano, rs).
A cidade é linda, deslumbrante (ainda estou falando da parte rica), mas atrasada quando o assunto é indústria, comércio, serviço e todo o mais que vem agregado ao bom desenvolvimento desses três fatores.
Agora, o problema de São Paulo é que tudo que atrai muita gente tende ao caos.
Não precisa ir muito longe para enxergar a drástica redução dos metros quadrados de cada um.
E mais: quanto maior o número de pessoas vivendo aglomeradas num determinado espaço, maior o anonimato. 
Essa perda da dimensão individual de cada um, reduzidos que somos a números e estatísticas, é responsável por boa parte dos problemas da nossa Cidade.
Em uma cidade pequena as pessoas costumam reclamar de falta de privacidade. Em Itabiboca da Serra (nome fictício), o cara que deve pro açougue e não paga pega fama de caloteiro por toda a cidade. Então, a moral e os bons costumes de uma cidadezinha provinciana é lei e manda no caráter e comportamento das pessoas, ainda que, entre quatro paredes, e sem testemunhas, essas mesmas pessoas se sintam livres para fazerem o que bem entenderem, e até contrariarem a moral e os bons costumes válidos da porta de casa pra fora.
Nas megalópolis, em geral, a moral não é bem vinda, o que é um aspecto positivo, enquanto a entendemos como um conjunto de regras de costumes não necessariamente boas à felicidade humana. Porém, a falta de percepção de cada indivíduo como indivíduo (o anonimato em sua forma ampla) traz consigo um aspecto negativo: eu devo e ninguém fica sabendo (mau-caratismo na sua forma simples) .
Assim, o indivíduo que não possui uma ética impressa em seu caráter acaba por valer-se do lema "a cidade não repara mesmo em mim" para fazer o mal, sem punição.
Acho que esse é o pior problema de uma cidade como São Paulo.
Se o desenvolvimento econômico não vem precedido por um desenvolvimento cultural e civilizatório, a cidade não funciona e somos chamados diariamente a um teste de paciência e tolerância com aqueles que fingem desconhecer regras básicas de convivência social pacífica.

26 de jan. de 2011

SÃO PAULO, UM BOM LUGAR PRA SE VIVER?

Para responder à pergunta, inevitável uma outra: comparado a que? Dizem, e é verdade, nada é absoluto, tudo é relativo.
Alguns concluirão de imediato que, a depender do que escrevi no meu perfil, a resposta será não, não dá para viver em São Paulo (rs). Não quero ser tão simplista assim.
Por causa do aniversário da cidade de São Paulo, no último 25 de janeiro, o Sakamoto (blogdosakamoto.uol.com.br) publicou um texto no qual convida as pessoas não a comemorar, já que não haveria muitos motivos, mas a refletir e persistir concretamente no sonho de uma Sampa melhor.
O texto provocou discussões. Muitos defendendo os paulistas; outros, não.
É verdade que se reduzirmos a discussão a generalizações corremos o risco de cometer injustiças com as exceções. Mas o texto foi escrito para uma maioria que não se acha maioria.
Lembrei-me de uma aula de filosofia na faculdade, em que o professor perguntou: "Quem aqui se considera uma pessoa injusta?". Ninguém levantou a mão. Ele arrematou: "Então, por que há tanta injustiça no mundo?
Há sim paulistas preconceituosos, porém o preconceito não é exclusividade nossa.
Como uma grande metrópole que é, São Paulo possui muitas das características de tantas outras: rica em recursos, mas desorganizada; alto índice de empregabilidade, mas também de exclusões; centro financeiro longe da periferia; culturalmente atraente, porém repleta de filas e burocracia; cheia de gente, de carros, de acontecimentos, muito cheia. Definitivamente, uma cidade para quem gosta de viver aos "esbarrões", "a mil por hora", como se costuma dizer por aqui (e por isso não faz meu tipo).  
O povo paulista costuma ser muito acolhedor. Não espere, porém, um encontro e uma convivência repleta de mimos e afagos. O paulistano tem trato seco, educado, discreto. 
Já estive em outros Estados em que os cidadãos, desconfiados, "fecham a cara" pra quem não é do bairro. Não gostam não.
Prefiro a capital paulista a outras capitais em que o turismo é muito presente. Não gosto de sair às ruas e encarar os olhares de estrangeiros sedentos por "brasileñas calientes".
Gosto de São Paulo pela vida anônima que só uma cidade com suas dimensões (e aqui me refiro também a populacional) pode propiciar.
Mas não nos esqueçamos das palavras de Sakamoto: comemorar? Vá lá, um pouco, pelo que de positivo existe, mas não nos apartamos daqueloutra realidade que não entra no imaginário da bela São Paulo da grande maioria letrada, com dinheiro no bolso para um cineminha de final de semana, que frequenta bares, restaurantes, shows, teatros e possui um carro, para ir aonde quiser.  



25 de jan. de 2011

INTERNET

Dica para quem quiser brincar de ser DJ da internotas da Carta Capital. É o site http://youtubedisco.de/.

Na caixa, você escolhe duas músicas para remixá-las do jeito que preferir.



THE ROOTS

Nunca gostei de hip hop e rap. Mas hoje ouvi a banda americana The Roots e abri uma exceção no meu "não gosto de hip hop".




A banda também está no álbum Wake up de John Legend.
Se quiser mais informações sobre a banda e sua influência jazzística, acesse o interessante blog: http://www.maissoma.com/2010/10/5/the-roots-how-i-got-over-def-jam-2010.

FILME MANHATTAN DE WOODY ALLEN

Não gosto de falar sobre filmes. Nesse assunto sou como o tipo que experimenta vinho sem teorizar: gostei; não gostei. Tenho dificuldades de sintetizar as qualidades de um bom filme (apontar os defeitos até que é mais fácil. Coisa da natureza humana). Pra começar, a maioria dos filmes que me encantaram não possui uma história, cheia de intrigas, aventuras ou suspenses. São filmes "paradão", como dizem por aí. Desses que levam em conta um bom diálogo, uma bela fotografia, personagens brilhantemente constituídos e interpretações históricas. 
Certamente, se tivesse que tecer alguma crítica sobre esses filmes, não conseguiria. Acabaria por descrever as melhores cenas, para, ao final, concluir que, sem o conjunto, sem o todo da obra, não fazem sentido. É melhor assistir.
Por isso a intenção de escrever sobre filmes aqui nesse blog será mais indicativa do que crítica.
Vou falar sobre um filme antigo que assisti recentemente: MANHATTAN de Woody Allen.


Sei que para uma maioria não é esse o preferido do diretor, e sim o horrivelmente intitulado "Noivo neurótico, noiva nervosa", mas ainda assim fico com Manhattan e não abro mão.
Além da deslumbrante fotografia, a trilha sonora é magnífica.
Para quem gosta de sinopses, Woody interpreta um homem de meia-idade que terá que escolher entre continuar tendo um caso com uma garota ou com a neurótica Keaton. A ironia de Woody Allen está na sua filosofia niilista.
Sim, o filme foi rodado em branco-e-preto. É uma declaração do amor do diretor à Nova Iorque.
Gostei de um blog escrito por um garoto de 17 anos que sonha ser cineasta. Em boa linguagem (leia-se, não cansativa, nem pernóstica), fala sobre cinema. Vale a pena conferir: http://cineeeu.blogspot.com/

MÚSICAS LITTLE WALTZ DE BASIA BULAT E DON'T STOP DE MUSIC DE JAMIE CULLUN

Bem, vou começar a escrever sobre o que mais gosto: MÚSICA.
Quando ouço uma boa música, penso que, se Deus não permitiu aos homens se igualarem a Ele,    permitiu que se construísse uma ponte até lá. Parafraseando Mario Quintana, uma bela música sempre leva a Deus.
Há muitas músicas sem as quais não saberia viver, para as quais já teria valido toda uma eternidade. 
Recentemente, ando meio viciada em ouvir esta valsinha:
A cantora é Basia Bulat, canadense, filha de mãe professora de piano e guitarra.
Sua voz é tão bonita e a música foi composta sob medida pra ela.


Outra música que tenho ouvido bastante é a versão de Jamie Cullum para a música de Rihana, Don't stop the music". Ficou tão boa na voz desse multinstrumentista britânico que nem parece a mesma (não é a mesma, aliás nem me recordo mais da original).



APRESENTANDO O BLOG

Sei que este blog é bastante recomendado por ser fácil de usar. Como é minha primeira vez, não achei nada fácil. Lembrei-me desta tira:


Acabo de criar um blog sobre direito do consumidor (vou fazer merchandising sem pagar nada: informacaosuamelhordefesa.zip.net). Porém, ao escrevê-lo, senti vontade de falar sobre outras coisas. Na verdade, acho muito chato direito. Só topei escrever sobre isso com a intenção de ajudar as pessoas.
Daí surgiu a idéia desse outro blog (uma coisa leva à outra), sem objetivo algum que não fazer dele meu diário.
Se existirem leitores, bem. Se não, também. De uma forma, ou de outra, permaneço no anonimato.