19 de mai. de 2011

MEMÓRIA

Amar o perdido
deixa confundido
este coração.
Nada pode o olvido
contra o sem sentido
apelo do Não.
As coisas tangíveis
tornam-se insensíveis
à palma da mão
Mas as coisas findas
muito mais que lindas,
essas ficarão.
Carlos Drummond de Andrade.

18 de mai. de 2011

SINTETIZANDO SCHOPENHAUER

Para Schopenhauer o mundo é representação. Enquanto Kant sustentava que a consciência não seria capaz de compreender o mundo não fenomênico, Schopenhauer diz que a vontade é a coisa-em-si, o substrato de toda realidade. Para ele, portanto, vivemos em aspirações sem fim e o prazer consiste na supressão momentânea da dor. A arte, em especial a música, permite ao homem escapar da vontade. A moral, como por exemplo a superação do egoísmo, também. Porém, a suprema felicidade só poderá ser alcançada pela anulação da vontade. Schopenhauer foi um dos influenciadores do budismo.

O QUE NOS COMOVE?

COMOVER, mover junto. O que nos comove?
Quando o assunto é futebol, sou um absoluto paria. Não conheço nome de jogador, time, jogo, fifa, presidente, técnico e o escambal. Isso me intriga. Pelo menos, uma vez por semana, do alto de meu apartamento, sou surpreendida por gritos, festejos e fogos de artifício de uma gente considerável (é quando me dou conta de que alguém está jogando), e não entendo o porquê. Já tentei ler coluna esportiva de jornais e revistas, já assisti a jogos. Nunca vi brasileiro festejar, brigar, lutar por causa social alguma. Muitos dirão: Ah, mas isso é outra história. Não. Não é outra história. Todos os dias nos noticiários, situações acontecem que me indignam. Vontade de xingar, de gritar, de chorar, de sair às ruas, dizer chega, basta, vamos mudar, fazer diferente, jogar outro jogo. E todos esses gestos de que tenho vontade são tomados por uma maioria em dia de jogo de futebol. É impressionante a repercussão de um jogo. Basta acessar redes de relacionamento para se ter uma idéia do quanto os lances estão sendo comentados. Ah se o brasileiro tivesse essa mesma gana para resolver ou, ao menos, cobrar resoluções para os problemas deste país. Seria outro, seríamos outros. Não me incomodaria de aderir aos gritos em dia de jogo de futebol, de pronunciar chuuuuupppaaaaaaa (quando o máximo de palavrão que já pronunciei até hoje foi carambola e putz grila), se pudesse gritar em outras bandas (entenda-se assunto) também. Mas sendo só este o grito da maioria massissa, me recuso a fazer papel de idiota, achando fantástico um bando de marmanjo correr atrás de uma bola. Quando tudo isso começou? Quem convenceu a maioria dos brasileiros de que isso é uma das coisas mais importantes do mundo? Fico aqui no meu canto, no alto do meu apartamento, quieta, ouvindo os gritos loucos, sem pé nem cabeça, de uma torcida, que sofre e é feliz. Uma pena.

SARNEY DÁ POR ENCERRADO O CASO PALOCCI SOB O PONTO DE VISTA ÉTICO

A lei sempre busca uma determinada ética. Às vezes, o problema está nessa ética; às vezes, está na ética de seus intérpretes. A lei existe, portanto, para uniformizar comportamentos, impedindo que uma maioria obediente aborte os planos de quem a faz e punindo os transgressores que ousam sabotá-los. A lei existe para isso e seus intérpretes e aplicadores, para tornar a regra exceção, nos casos absolutamente pontuais.