28 de nov. de 2011

FELICIDADE - VICENTE DE CARVALHO

Ainda me lembro do dia em que li essa poesia e do que senti, no primeiro ano da faculdade, quando passava boa parte do meu tempo na biblioteca central, ao invés de metida entre os livros de direito (o que me custou caro, rs). Muita sorte e um espanto me deparar com essa poesia tão linda, ali à espera de um leitor, escondida dentre tantos livros e tantas páginas. Peguei o livro por acaso e abri na página exata do poema e, após lê-lo, quase perdi o fôlego.

"Só a leve esperança, em toda a vida,
Disfarça a pena de viver, mais nada,
Nem é mais a existência, resumida,
Que uma grande esperança malograda.
O eterno sonho da alma desterrada,
Sonho que a traz ansiosa e embevecida,
É uma hora feliz, sempre adiada
E que não chega nunca em toda a vida.
Essa felicidade que supomos,
Árvore milagrosa que sonhamos
Toda arreada de dourados pomos
Existe, sim: mas nós não a alcançamos,
Porque está sempre apenas onde a pomos
E nunca a pomos onde nós estamos."

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