Enfim, chegaram. Nunca desejei tanto umas férias. Vou aproveitar para pensar sobre a vida, fazer ou refazer planos e... ler. A começar por um dos meus autores preferidos, Graciliano Ramos. Faz tempo que comprei o livro Angústia e até hoje não o li. Aliás, faz tempo que não leio um livro. Para quem vivia com um na mão, à cabeceira, na bolsa, no trabalho, em todos os lugares, significa uma enorme abstinência. Meu sonho, tão distante: um dia escrever como Graciliano.
“Deve-se escrever da mesma maneira como as lavadeiras lá de Alagoas fazem seu ofício. Elas começam com uma primeira lavada, molham a roupa suja na beira da lagoa ou do riacho, torcem o pano, molham-no novamente, voltam a torcer. Colocam o anil, ensaboam e torcem uma, duas vezes. Depois enxáguam, dão mais uma molhada, agora jogando a água com a mão. Batem o pano na laje ou na pedra limpa, e dão mais uma torcida e mais outra, torcem até não pingar do pano uma só gota. Somente depois de feito tudo isso é que elas dependuram a roupa lavada na corda ou no varal, para secar. Pois quem se mete a escrever devia fazer a mesma coisa. A palavra não foi feita para enfeitar, brilhar como ouro falso; a palavra foi feita para dizer.” [Graciliano Ramos].
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